domingo, 13 de março de 2011

Artes - Van Gogh ou Vicen Van Gogh

O Artista Vicen Van Gogh

    Com 27 anos depois de tentar sem sucesso diversas carreiras que Van Gogh escreveu a seu irmão de tornar - se pintor.
    Em 1888, deixou Páris mudando- se para o sul da frança onde ancontrou a felicidade. Em outubro de 1888 Paul Gauguim veio procura - lo para um périodo que ambos esperavam ser boa colaboração artistica. Com tudo, os 2 artista eram extremamente explosivos e em Dezembro Van Gogh sofreu o primeiro ataque de nervos grave onde passou o ano seguinte entrando e saindo do hospital de doenças nervosas.
    Em julho de 1990 Van Gogh suicidou - se com uma arma de fogo.

Obra: O Quadro                                                                                                                                                

    Os quadros de Van Gogh estam entre as imagens mais conhecidas da atualidade. Suas produções foram vendidas e são vendidas até hoje aos milhões de dolares. Van Gogh pintou 3 versões desse quadro onde existe pequenas diferenças de cores e detalhes.

Observações dos Quadros

    Diversos objetos do quarto estão aos pares: 2 cadeiras, 2 travesseiros, 2 jarros de água e 2 garrafas. Van Gogh pintou a 1º versão desta sena quando aguardava a chagado de Gauguim. E podemos entende esse emparelhamento por ancei nunca realizado, por campanhia e amizade.
    Uma caracterias de Van Gogh é o contorno escuro dos objetos que ele praeenche com cores escuras e chapadas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

selo do Imetro


O que é o selo Procel?
Sua finalidade é estimular a fabricação nacional de produtos mais eficientes no item economia de energia, e orientar o consumidor, no ato da compra, a adquirir equipamentos que apresentam melhores níveis de eficiência energética.
Qual é seu objetivo?
Tem por conceito diminuir o consumo de energia elétrica, o que é bom, pois o mundo sofre com o grande consumo, causando o Aquecimento Global.

O que é selo Imetro?
O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Imetro – é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua como secretaria executiva do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Imetro), colegiado interministerial, que é o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial e Sinmetro.
Qual seu objetivo?
Sua missão é prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos, através da metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de consumo, a inovação e a competividade do país.

Arte Rupestre na Bahia


Considerações sobre a arte rupestre no Estado da Bahia, Brasil.


RESUMO

Grande parte do Estado da Bahia se insere na bacia hidrográfica do São Francisco e na Cordilheira do Espinhaço, onde passaram e viveram grupos humanos vinculados culturalmente com grupos andinos como se evidencia nas suas línguas, costumes, artefatos e arte rupestre. Neste artigo tentaremos identificar algumas expressões rupestres locais, situando-as no contexto mais amplo das tradições da Arte Rupestre brasileira, quando defrontaremos com evidencias que sugerem cronologias e funções diferenciadas incluindo memoriais de mitos, rituais ou simples anotações de teor prático. O presente texto é fruto da tradução e atualização revisada da sua versão original inglesa, apresentada no Congresso da Associação Internacional de Arte Rupestre, IRAC, realizada em 1999 na Universidade de Ripon,Wisconsin, EUA.

APRESENTAÇÃO 

A geomorfologia sul-americana é dominada pela cordilheira Andina, no Oeste, o platô das Guianas e a planície Amazônica, ao Norte e o Escudo Brasileiro no Leste/Sudeste. Na banda Leste do escudo Brasileiro (Planalto Central), paralelamente à costa marinha, eleva-se a cordilheira do Espinhaço, origem de rios que descem ao mar e ao cráton sãofranciscano, onde flui o maior rio com curso inteiramente brasileiro. Este rio nasce em Minas Gerais, dirigindo-se ao Nordeste, onde deságua, deixando atrás uma bacia de 600 mil km2 fronteiriça às bacias amazônica e platina. Estas bacias possuem algumas nascentes originadas na cordilheira dos Andes.
A cordilheira do Espinhaço formou-se no Proterozóico, após a elevação de arenitos de uma antiga costa marinha. A bacia sedimentar do rio São Francisco, por outro lado, resultou de um afundamento da crosta terrestre, motivado pelas mesmas pressões que elevaram o Espinhaço e pela subseqüente sedimentação de um mar quente e raso que invadiu esta depressão no Paleozóico. Esta sedimentação recobriu as formações calcárias erodidas no Devoniano: o cinza “Salitre”, na Bahia e o achocolatado ”Bambuí”, em Minas Gerais. Depois de liberadas da lama ocre rica em nódulos de hematita que os recobria, estes “karsts” foram usados pelos homens da pré-história local para produzirem a sua variada arte rupestre.

Nas terras altas, prevalece o clima AW de Koppen (quente e úmido), onde crescem árvores de [grande] porte. Nas terras baixas, encontra-se o clima Bsw (quente e seco, na mesma classificação), com uma estação chuvosa entre novembro e março e um clima seco o resto do ano. Nestas terras baixas prevalecem as caatingas -“mata clara, rala”, em Tupi - que perde toda a sua folhagem na estação seca, mantendo seus caules e raízes vivos até as próximas chuvas, quando tudo verdeja, liberando fortíssimos aromas perfumosos que atraem [miríades de] insetos que fecundam as suas flores. Apesar da aparente aridez da caatinga, esta esconde diversos espécimes vegetais e animais úteis à alimentação humana.

De acordo com Ab’Saber, emérito geógrafo da USP (1989), o clima local atingiu as atuais feições por volta de 11000 AP, substituindo outro clima mais ameno, onde abundante vegetação fornecia alimento para espécimes da megafauna. Hoje extinta, esta população incluía paleocavalos, paleolamas, tigres de dentes sabre e preguiças gigantes, cujos fósseis são abundantemente encontrados em grutas e caldeirões locais. Alguns estudiosos atribuem esta alta concentração de ossos, nestas cavidades, a fenômenos de tanatocenose, espécie de suicídio coletivo de animais inadaptados a novas condições ambentais, como ainda hoje ocorre com certas espécies de baleias. A. Bryan e A.Cartelle, escavando na área, encontraram ossos fósseis da megafauna apresentando possíveis marcas de antropização por artefatos líticos. M.C.M.C. Beltrão e H. de Lumley, por outro lado, numa gruta baiana, identificaram um artefato lítico com marcas de uso, associado a ossos de megafauna datada de 300 000 AP. Por terem vivido, na área, por milênios, os tatus gigantes que também cavavam túneis, é possível que tal artefato seja de uma datação mais recente, tendo deslizado para níveis estratigráficos inferiores, o que poderia ter perturbando a sua interpretação.

TRADIÇÕES RUPESTRES NO BRASIL

Devido à imensidão do território brasileiro, pelo menos seis grandes tradições de arte rupestre foram ali determinadas:
1)A mais sulina foi reconhecida por M. Ribeiro (1979) que chamou-a de Meridional - aparentemente uma extensão de tradições pampeanas, incluindo petroglifos lineares simples, círculos, ângulos e triângulos;
2) Num conjunto de ilhas no litoral catarinense, o padre Rohr (1969) reconheceu uma tradição costeira com petroglifos triangulares e séries de pontos paralelos;

3) Pouco mais ao norte, de São Paulo ao Nordeste, estão presentes sítios da Tradição Geométrica, incluindo temas das duas tradições anteriormente mencionadas, além dos “lagartiformes” – um tema de distribuição transcontinental e presente em quase toda a bacia do Pacífico, da Costa Oriental Africana ao Sudoeste Asiático, Oceania e costa americana. A representação do lagarto do painel gravado no Sitio Fracarolli, perto de Itapeva, São Paulo, apresenta a mesma cabeça pontuda, triangular, dos lagartiformes do Cerro Colorado, Norte do Chile;
4) Em quarto lugar encontraremos uma longa mancha SE/NE de gravuras picoteadas que, de acordo com N. Guidon (1991), comportam um fácies ocidental e outro oriental. Estes painéis apresentam maior sinuosidade linear e detalhamento compositivo que as três tradições anteriormente mencionadas. Todavia, as três compartilham diversas semelhanças temáticas e formais, podendo, facilmente, serem reunidas numa única macro-tradição sobreposta à área de ocupação dos grupos Macrogê no território brasileiro;





5) Tradição Planalto foi a denominação dada por PROUS, da UFMG, para signos [encontrados] em mais de 100 painéis presentes em São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Nesta tradição são numorosos os zoomorfos pintados com vermelho de hematita apresentando corpos chapados, pontilhados ou estriados. Aí, também, aparecem duplas antropomórficas tendo nos braços outra figura, menor, aparentemente humana, como se fosse a entrega de um bebê. Um trângulo aparece sempre junto destas três figuras. Outra recorrência nesta área é a série de antropomorfos em fila, conduzindo um elemento com o abdômen expandido. Estas figuras são, no geral, filiformes e apresentam cabeças resolvidas em forma de “C”, discutidas na tradição seguinte;
6) A Tradição Nordeste foi reconhecida por Guidon, na Serra da Capivara, Sudeste do Piauí. Comporta subtradições ou estilos que tem como elemento comum o dinamismo, as cenas de ação, de dança, caça e cópula. Antropomorfos em oposição “dorso a dorso” são frequentes, com o elemento triangular sempre associado. Aparecem muitos zoomorfos e sinais geométricos irreconhecíveis. Nesta tradição são notadas as subtradições “Serra da Capivara”, com os já citados grupos de pequenos antropomorfos; a “Serra Branca”, com antropomorfos de corpos retangulares, alongados verticalmente, cocares e corpos completamente desenhados, no interior, como representação de pinturas corporais; por fim, a “Subtradição Seridó”, reconhecida nesta região por G. Martin, com figuras antropomórficas ou zomórficas apresentando a característica cabeça em forma de “C”. Esta representação humana está presente nos Abrigos Vermelhos (MT), Sete Cidades (CE) e algumas partes da Califórnia e do México. Estas convergências foram estudadas recentemente pelo norte-americano Richard (“Dito”) Morales, na sua tese de doutoramento;
7) A Tradição Agreste foi estabelecida por Alice Aguiar em diferentes sítios nordestinos, tendo como elemento diagnóstico os grandes “bonecões”-antropomorfos fatura grosseira, desprovidos de detalhes -, que aparecem também na a região de Irecê, na Bahia;
8) Na tradição São Francisco, padrões policrômicos altamente complexos compreendem quase 100% das figuras. São, na maioria, polígonos, muitos quadriláteros divididos, internamente, por linhas vermelhas ou ocres, muitas apresentando sinais de repintura e retoque. Em Barrinha, perto de Carinhanha, na Serra do Ramalho, um sítio contendo centenas desses grafismos foi localizado por este autor, no teto de um abrigo rochoso encravado numa cratera de dificílimo acesso sem equipamentos de alpinismo. Vasos de cerâmica indígena estavam ainda intactos, a céu aberto, sobre cinzas de fogueiras protegidas da chuva, do vento e de curiosos naquele local inóspito. Estes grafismos São Francisco lembram, vagamente, padrões decorativos cesteiros ou a complicada decoração da cerâmica marajoara;



9) As tradições amazônicas, apesar de terem sido primeiramente descritas por Koch-Grunberg, no XIX e, por Silva Ramos, nas primeiras décadas do XX, são hoje as menos conhecidas tradições rupestres brasileiras; M.Consens e E. Pereira (1997) trabalharam na classificação dos dados disponíveis relativos a esta vastidão territorial. No geral, a arte rupestre amazônica apresenta poucas correlações com congêneres das outras regiões brasileiras.

APROXIMAÇÕES ETNO-HISTÓRICAS NA ÁREA

Fontes históricas apontam à presença de diferentes grupos etnolinguísticos no atual território baiano. Estão os Kiriri, possivelmente, entre os mais antigos homens a se assentarem na área, com vocabulário algo relacionado a certas línguas andinas contemporâneas. Embora outrora reconhecidos como grupo lingüístico independente, os dialetos Kiriri são hoje associados ao tronco Macrogê, de ampla distribuição no atual estado baiano. Estes são representados pelos Acroá, Kaiapó, Masakará, Aimoré (Botocudos), Guerém (Krem), Kamakã, Patashó e Sokó; Os grupos tupifônicos, habitaram principalmente na costa marítma e nas margens dos grandes rios do interior, onde podiam pescar com suas canoas, caçar, coletar mariscos, praticar a silvicultura e a sua agricultura incipiente de feijões, milhos, batatas e abóboras. Foram expulsos ao sertão pelo colonizador, ali deixando, eventualmente, traços da sua marca étnica na arte rupestre local. Os assentamentos europeus na região central da Bahia apareceram após o XVIII, quando descendentes do “Caramurú” estabeleceram currais na ribeira sãofranciscana e na região de Serrinha. Joana Guedes de Brito, herdeira da Casa da Torre e proprietária das terras entre Serrinha e o Rio das Velhas, próximo à atual Belo Horizonte, abriu sobre milenares caminhos indígenas a legendária “Estrada da Tropeira Joana”, onde hoje corre, asfaltada, a Estrada do Feijão, ligando Feira de Santana a Xique- Xique. Artefatos desta época são encontrados nas propriedades à margem desta antiga estrada. Longas estações secas e falta de programas efetivos de irrigação estagnaram a economia de grandes áreas do semi-árido baiano, onde se localiza grande parte da arte rupestre local. Isso contribui, de certo modo, para minimizar a destruição destes sítios arqueológicos, como ocorreu com os sítios costeiros, perturbados por intensiva agricultura, mineração e urbanização.




BREVE PERFIL DA ARTE RUPESTRE DO SERTÃO BAIANO

O Estado da Bahia, em grande parte, cobre as partes mediais da Cordilheira do Espinhaço e da bacia do São Francisco. Devido à sua variedade temática, a arte rupestre local aparenta ser fruto da convergência de diferentes grupos humanos que ali viveram (Martin,1996:242), trazendo e transformando práticas culturais diversas. A maior parte da obras pictoriais rupestres são pinturas digitadas em hematita, carvão, branco de magnésio e tauá ocre, todos estes apresentando diferentes matizes cromáticos, ou pela sua própria composição físico-quimica ou pela seu estado tafonômico . Os temas mais freqüentes são:
1) Séries de linhas verticais paralelas, com ou sem uma linha horizontal as ligando, por cima. Em outras partes do país, estas linhas aparecem totalmente, ou em parte, com cabeças, cocares, pernas e braços acrescentados, sugerindo assim serem recenceamentos de grupos humanos que passam por certos locais;
2) Composições redondas usando círculos simples, concêntricos ou radiados, muitas vezes associados à figura de um réptil, como se vê na Toca do Cosmos, escavada por Bryan (1993). Este painel apresenta mais de 40 grafismos circulares no seu teto. Beltrão classificou estas figuras numa tradição “Astronômica” e, Caldeirón, na sua tradição “Simbolista”;

3) Zoomorfos, incluindo quadrúpedes (isolados ou em grupo), sapos e répteis, classificados por Caldeirón numa “Tradição Naturalista”;
4) Antropomorfos, estáticos e em ação; mãos impressas, chapadas e decoradas; pinturas de pegadas de pés;
5) Seqüências de pontos, campos quadrangulares ou circulares pontilhados; elipses pontilhadas, com marcações regulares intermediárias, semelhantes às encontradas nas grutas de Toquepala e Tacna, no Sul do Peru (Kaufmann Doig, 1996:1996:54). Os campos pontilhados e os grafismos circulares (“solares”?) são, freqüentemente, associados à figura do réptil e podem ser relacionados a rituais pluviomágicos (Ott, 1993:84);



6) Signos geométricos variados de significação imprecisa, repetidos com alguma variação, em certas áreas;

7) Longas linhas finas, riscadas a carvão, nos intermédios de figuras mais antigas, vermelhas; D.VIALOU anotou este mesmo elemento gráfico em Rondonópolis, MT(c. p.).

8) Bastonetes (linhas verticais paralelas) soltos ou ligados pelo topo por uma linha horzontal [da extensão da seqüência de linhas verticais ou mais comprida], como se fosse um quipo andino, pintado;

9) Grafitti históricos de diferentes da tações


CONCLUSÃO

Como em toda parte do mundo, a arte rupestre na Bahia parece ser fruto de intenções multifuncionais, servindo como memorial de mitos, rituais ou servindo a propósitos prático-mnemônicos, como assinaturas pessoais, marcas étnicas ou simples atividades lúdicas. A morfologia do desenho, técnicas de aplicação e composição do pigmento apontam para diferentes inserções produzidas por diferentes grupos humanos que agiram em diferentes momentos. Esta asserção baseia-se, parcialmente, na presença de pinturas quase transparentes, “desgastadas”, junto de outras apresentando camadas de tinta mais espessa. Poucos sítios foram sistematicamente estudados na área em foco sendo quase todo o trabalho de mapeamento estilístico ainda está por ser realizado, permitindo algum entendimento dos movimentos étnicos pré-históricos. Os grafitti contemporâneos, juntamente às mineradoras e ao fabrico da cal constituem os maiores riscos enfrentados, no momento, pela arte rupestre local.
BIBLIOGRAFÍA

AB’SABER, A - Paleoclimas quaternários e Pré-história da América Tropical. Dédalo, 1:9-25, MAE/USP, São Paulo,1980
AZEVEDO, A.- Brasil, Terra e Homem. CEN, São Paulo,1972

BRYAN, N.A
- Archaeological research at six cave or rock shelter in Interior Bahia, Brazil.
Center for Study of the first Americans, Oregon, EUA,1993
ESPINET-MOUCATEL, J. - Étude tracéologique de deux pièces lithiques de la Toca da Esperança, Région de Central, Bahia, Brésil. L”Antropologie, N4 Paris,1998

GUIDON, N. - Peintures Préhistoriques de Brésil: L’Art Rupestre du Piauí. ERC, Paris,1991

KAUFFMANN-DOIG, F
. - Historia del Peru Antiguo. Kompakta, Lima, 1992

MARTIN, G.
- Pré-História do Nordeste do Brasil. UFPE, Recife, 1996

MENTZ RIBEIRO, P. A.
- A Arte Rupestre no Brasil. CEPA Faculdade de Ciências e Letras de Santa Cruz do Sul 7:1-27.1978
OTT, C. - As culturas pré-históricas da Bahia Vol 1 Cultura Material. Bigraf, Salvador,1993

PEREIRA, E. - As pinturas e gravuras rupestres do Nordeste do Pará, Amazônia, Brasil, CLIO, V1N1, UFPE, Recife,1997
PROUS, A - Arqueologia Brasileira UNB, Brasília,1992

ROHR, J.A - Petroglifos da Ilha de Santa Catarina. São Leopoldo,1969



Arte Rupestre


Arte rupestre

Arte rupestre, pintura rupestre ou ainda gravura rupestre, é o nome que se dá às mais antigas representações pictóricas conhecidas, as mais antigas datadas do período Paleolítico Superior (40.000 a.C.) gravadas em abrigos ou cavernas, em suas paredes e tetos rochosos, ou também em superfícies rochosas ao ar livre, mas em lugares protegidos, normalmente datando de épocas pré-históricas.
Na vida do Homem pré-histórico tinham lugar a Arte e o espírito de conservação daquilo de que necessitava. Estudos arqueológicos demonstram que o Homem da Pré-História (a fase da História que precede a escrita) já conservava, além de cerâmicas, armas e utensílios trabalhados na pedra, nos ossos dos animais que abatiam e no metal. Arqueólogos e antropólogos datando e estudando peças extraídas em escavações conferem a estes vestígios seu real valor como "documentos históricos", verdadeiros testemunhos da vida do Homem em tempos remotos e de culturas extintas.
Prospecções arqueológicas realizadas na Europa, Ásia e África, entre outras, revelam em que meio surgiram entre os primitivos homens caçadores os primeiros artistas, que pintavam, esculpiam e gravavam, demonstrando que o desejo de expressão através das artes é inerente ao ser humano. A cor na pintura já era conhecida pelo Homem de Neandertal. As "Venus Esteatopígicas", esculturas em pedra ou marfim de figuras femininas estilizadas, com formas muito acentuadas, são manifestações artísticas das mais primitivas do "Homo Sapiens" (Paleolítico Superior, início 40000a.C) e que demonstram sua capacidade de simbolizar. A estas esculturas é atribuído um sentido mágico, propiciatório da fertilidade feminina e ao primeiro registro de um sentimento religioso ou de divindade, o qual convencionou-se denominar de Deusa mãe, Mãe Cósmica ou Mãe-terra.
Não é menos notável o desenvolvimento da pintura na mesma época. Encontradas nos tetos e paredes das escuras grutas, descobertas por acaso, situadas em fundos de cavernas. São pinturas vibrantes realizadas em policromia que causam grande impressão, com a firme determinação de imitar a natureza com o máximo de realismo, a partir de observações feitas durante a caçada. Na Caverna de Altamira (a chamada Capela Sistina da Pré-História), na Espanha, a pintura rupestre do bisonte impressiona pelo tamanho e pelo volume conseguido com a técnica claro-escuro. Em outros locais e em outras grutas, pinturas que impressionam pelo realismo. Em algumas, pontos vitais do animal marcados por flechas. Para alguns, "a magia propiciatória" destinada a garantir o êxito do caçador. Para outros estudiosos, era a vontade de produzir arte.
Qualquer que seja a justificativa, a arte preservada por milênios permitiu que as grutas pré-históricas se transformassem nos primeiros museus da humanidade.

Objetivo e temas

Considera-se arte rupestre as representações sobre rochas do homem da pré-história, em que se incluem gravuras e pinturas. Acredita-se que estas pinturas, cujos materiais mais usados são o sangue, argila, e excrementos de morcegos (cujo habitat natural sâo as cavernas),[1] têm um cunho ritualístico. Estima-se que esta arte tenha começado no Período Aurignaciano (Hohle Fels, Alemanha), alcançando o seu apogeu no final do Período Magdaleniano do Paleolítico.
A importância da estudo da arte rupestre deve-se, não tanto à interpretação das figuras existentes, mas antes obter um entendimento dos motivos e contextos que levaram uma comunidade a usar muito do seu tempo e esforço na execução da dita arte rupestre. Como estas sociedades primitivas se extendem no tempo e na sua essência são consideravelmente diferentes das nossas vivências actuais, o estudo da arte rupestre de forma ciêntifica permite analisar o comportamento do homem em contextos muito díspares, pelo que acaba por ser de certa forma um estudo transdisciplinar entre a psicanálise, a antropologia e o nosso próprio conceito de arte.
Normalmente os desenhos são formados por figuras de grandes animais selvagens, como bisões, cavalos, cervos entre outros. A figura humana surge raramente, sugerindo muitas vezes actividades como a dança e, principalmente, a caça, mas normalmente em desenhos esquemáticos e não de forma naturalista, como acontece com os dos animais. Paralelamente encontram-se também palmas de mãos humanas e motivos abstratos (linhas emaranhadas), chamados por Henri Breuil de macarrões.
Nos sítios espalhados pelo mundo, é padrão encontrar, além dos desenhos parietais, figuras e objetos decorativos talhados em osso, modelados em argila, pedra ou chifres de animais.

Descoberta e autenticidade

Quando os europeus (mais precisamente Marcelino Sanz de Sautuola) encontraram pela primeira vez as pinturas de Magdalenia da caverna de Altamira, na Cantábria, Espanha, em torno de 150 anos, elas foram consideradas como fraude por acadêmicos.
O novo pensamento darwiniano sobre a evolução das espécies foi interpretado como significando que os primitivos humanos não poderiam ter sido suficientemente avançados para criar arte.
Émile Cartailhac, um dos mais respeitados historiadores da Pré-História do final do século XIX, acreditava que as pinturas tinham sido forjadas pelos criacionistas (que sustentavam a criação do homem por Deus) para apoiar suas ideias e ridicularizar Darwin. Recentes reavaliações e o crescente número de descobertas têm ilustrado a autenticidade das figuras encontradas e indicam o alto nível de capacidade de arte dos humanos do Paleolítico Superior, que usavam apenas ferramentas básicas. As pinturas rupestres podem proporcionar, também, valiosas pistas quanto à cultura e às crenças daquela época.
No entanto, a idade das pinturas permanece, em muitos sítios arqueológicos, uma questão controvertida, dado que métodos como a datação por carbono radioativo podem facilmente levar a resultados errôneos pela contaminação de amostras de material mais antigo ou mais novo, e que as cavernas e superfícies rochosas estão tipicamente atulhadas com resíduos de diversas épocas.
A escolha da datação pelo material subjacente pode indicar a data, por exemplo, da rena na caverna espanhola denominada Cueva de Las Monedas, que foi determinada como sendo do período da última glaciação. A caverna mais antiga é a de Chauvet, com 32.000 anos.
Contudo, como ocorre com toda a Pré-História, é impossível estar-se seguro dessa hipótese devido à relativa falta de evidência material e a diversas lacunas associadas com a tentativa de entender o pensar pré-histórico aplicando a maneira de raciocinar do Homem moderno.

Sítios mais conhecidos

Os sítios mais conhecidos e estudados encontram-se na Europa, sobretudo França e no norte da Espanha, na região denominada franco-cantábrica; em Portugal, na Itália e na Sicília; Alemanha; Balcãs e Roménia. No norte mediterrâneo da África; na Austrália e Sibéria são conhecidas milhares de localidades, porém não tão estudadas, como é o caso do Brasil. Em 2003, pinturas rupestres foram também descobertas em Creswell Crags, Nottinghamshire, Inglaterra.

Europa

Gravura rupestre - Vila Nova de Foz Côa - Portugal
Na Europa, as pinturas rupestres mais bem conhecidas são as localizadas em:

Portugal

Em Portugal são conhecidas mais de trezentas localidades de arte rupestre, destacando-se os complexos do Vale do rio Côa e do Vale do Tejo, dos mais antigos ao ar livre, a gruta do Escoural, fundamental no estudo do Cro-Magnon e Neandertal, e gravuras rupestres como o cavalo de Mazouco. A Anta Pintada de Antelas, em Oliveira de Frades, é um monumento nacional que apresenta as pinturas rupestres melhor conservadas de toda a Península Ibérica [2].

Brasil

Pinturas Rupestres no Cidade de Ivolândia.
No Brasil são encontrados diversas manifestações de arte rupestre. Os locais mais conhecidos ficam em Naspolini, no estado de Santa Catarina, na região Sul do país. Em Minas Gerais na região de Lagoa Santa, Varzelândia e Diamantina próximo à cachoeira da Sentinela. Destacam-se também a Toca da Esperança, região central da Bahia e Florianópolis, estado de Santa Catarina, no sul. No nordeste também foram encontradas pinturas no estado do Piauí, na Serra da Capivara. As cidades mais próximas dos sítios arqueológicos são Coronel José Dias e São Raimundo Nonato (30 km). Outros registros foram encontrados na fronteira com o Chile, no Lago dos Diamantes. Muitos registros estão em condições precárias. No estado do Rio Grande do Norte, diversos sítios também são encontrados, principalmente nas regiões do Seridó e na chapada do Apodi, tendo como destaque o Lajedo de Soledade. No estado de Pernambuco encontram-se pinturas rupestres no município de Itapetim, nascente do rio Pajeú, nos Sítios Boa Vista e Riacho Salgado e no município de Afogados da Ingazeira, próximo 5 quilômetros do povoado de Queimada Grande e no município de Carnaíba, na Serra do Giz, próximo ao povoado da Serra Carapuça.
Segundo informação da FUMDHAM (Fundação Museu do Homem Americano), de São Raimundo Nonato, há 260 sítios arqueológicos com pinturas rupestres na área do Parque Nacional da Serra da Capivara, que foi criado em 1979.

Outros locais